clarice, crise de riso no cinema, colagens e o que a vida tem me ensinado
já que sou, o jeito é ser
amigos, a ideia dessa newsletter é escrever uns textões bem construídos sobre temas mais complexos, mas isso demanda tempo (uma coisa que me falta). por isso, inclusive, não defini uma frequência de postagem e tal.
porém, para não deixá-los assim tão órfãos de mim, tive uma outra ideia de formato pra cá: o giro na semana. consiste num texto com fragmentos da minha última semana, como se fosse um diário meio desconstruído, tirando todos os detalhes que poderiam fazer vocês sentirem vontade de me internar numa clínica psiquiátrica.
os textões vão vir aí, claro, em algum momento. mas, por enquanto, fiquem com minhas bobagens.
espero que gostem <3
o que a vida tem me ensinado
nos meus cadernos de aniversário eu tenho uma página chamada “lições”. nela, escrevo todos os aprendizados que eu “cato” da vida. claro, eu não gostaria de estar aprendendo nada, mas já que tão me ensinando, melhor anotar, né? veja alguns que achei essa semana e faça o que quiser com essas informações.
pare de ter preguiça de viver
esse eu escrevi numa época em que tava muito presa em casa, recusando todos os convites que me faziam, com certa preguiça de socializar. só que às vezes tudo que a gente precisa é sair de dentro da nossa própria cabeça um pouco. então, me dei um esporro meio “vai viver”, sabe? sei lá, vai bater perna na rua, ir num museu, num pagode, ver seus amigos, sentar numa mesa de bar e beber todas e mais algumas, dar risada, sair um pouco de dentro de si mesma. e deu certo. nunca mais fiquei tanto tempo nesse limbo.
nunca compensa ir num japa mais barato
toda vez que eu vou num japa mais barato pra economizar, penso “é, não compensou mesmo”, comprovando o que eu já tinha notado na última vez em que fui num japa mais barato. então, anotei isso pra nunca esquecer. a lição é: você tá com vontade de comer comida japonesa? então vai logo num restaurante que você sabe que é bom. não compensa economizar, sei lá, 50 reais e não sair saciado como você sairia se tivesse ido num lugar que você gosta. gaste logo esse dinheiro.
sempre que não souber o que fazer, veja um filme
quando tenho tempo livre quero fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo: escrever, bordar, fazer colagem, editar vídeo, criar pra internet, pintar quadrinhos. e aí, tudo que eu começo me parece um pouco errado. se escrevo, penso que deveria estar bordando. se começo uma colagem, penso que deveria estar editando um vídeo. e por aí vai. minha tática pra resolver isso é parar tudo e ver um filme. é que ficar 2h inteiras prestando atenção em uma única história me aquieta. e se o filme for bom eu ainda saio inspirada. o ponto, no fim, é que eu sempre sei o que fazer depois de assistir um filme. parece magia.
que bom que a vida é essa coisa da qual cada dia descobre-se uma nova coisa e jamais acabam as coisas pra se descobrir
às vezes, eu fico meio irritada pensando na quantidade de coisas que ainda não sei. queria tanto aprender sobre tudo e dominar todos os assuntos. mas, no dia que escrevi essa lição, tava meio otimista em relação à isso. quer dizer, se eu não sei nada sobre o mundo, quer dizer que existem MUITAS coisas pra se aprender, né? então que bom.
colagem e história
no geral, eu não me acho parecida com ninguém, mas quando olho fotos 3x4 minhas e da minha mãe vejo muita semelhança. achei várias 3x4 dela esses dias, em diferentes fases da vida, e em todas ela me lembra um pouco eu. não sei apontar o que especificamente acho semelhante, talvez seja porque nós duas temos uma boca fina, um semblante sério e um olho fundo, mas não sei explicar. é a mesma coisa que sinto quando percebo que conforme minha mãe vai envelhecendo fica muito parecida com a minha avó, mesmo que eu não saiba dizer o porquê. eu só olho pra ela e sei. bem como olho pra mim e sei também. sei que essa coisa toda de ser filha e de ter mãe é meio sem explicação, que a gente só sabe. e sente. às vezes, olhando as fotos, mas outras vezes reproduzindo comportamentos. ás vezes, vendo lady bird e chorando. outras vezes, repentinamente querendo colo, querendo escutar que tudo bem, tudo bem filha, vai ficar tudo bem. às vezes, querendo dizer: eu sei. eu olho e simplesmente sei. que apesar de você ser você, e eu ser eu, a gente sempre vai ser um pouco uma só.

é assim que acaba
na sexta passada, eu fui assistir “é assim que acaba” no cinema. pra quem não sabe, esse filme é a adaptação de um livro que leva o mesmo nome - um livro que não li, mas do qual sei toda a história, pois sou cronicamente online.
pois bem, eu me interessei em ir assisti-lo depois de duas pessoas terem mencionado que choraram horrores assistindo (e eu adoro chorar vendo filme). no fim, achei o filme uma merda (com todo respeito) e não chorei.
o ponto é que foi uma sessão em que ri muito. não que o filme seja engraçado (muito pelo contrário, a temática é bem séria), mas porque fui com meu namorado, victor hugo, que é o rei das piadinhas que de tão sem graça me fazem ter crise de riso. veja só:
depois da introdução do filme, subiu uma tela com um letreiro e acho que um narrador dizendo “é assim que acaba”. nisso, victor hugo, vira e diz: ué, mas já?
eu acordei naquela sexta meio de rabo virado, estressada sem motivo, não sei, fiquei o dia todo nessa vibe meio chatinha. aí, veja bem, tava lá, feliz da vida, comendo pipoca com manteiga, rindo de besteiras, curtindo o momento. e, diante desse cenário, ele achou de bom tom dizer: caraca, era só comer pipoca que melhorava? se soubesse tinha trazido uma club social no carro.
pra piorar, ao sair da sessão, viramos num corredor do shopping e demos de cara com um menino de uns 13 anos girando no chão fazendo graça com uma série de outros meninos de 13 anos em volta dando risada. nisso, victor hugo diz “caraca, aí sim” e o menino, audacioso, responde “um passinho de break desse cê num manda”. victor, então, retruca “então faz aí de novo pra eu ver”. e lá se foi o menino, se lançando novamente ao chão.
bom, foi assim que terminou a sessão de cinema que eu fui pra chorar: vendo meu namorado rachar o bico de um moleque de 13 anos girando no chão igual um beyblade.
conclusão: minha vida insignificante e banal é fantástica.
a hora da estrela
essa semana, terminei de ler “a hora da estrela”, da Clarice Lispector. e de todas as partes desse livro que me marcaram, encerro com a frase que mais gostei nele. e que talvez tenha virado a minha frase favorita da vida:
já que sou, o jeito é ser.
Até a próxima! <3
Amei essa ideia de trazer fragmentos da semana Ale, você me inspira a escrever mesmo as “banalidades” porque nelas também contém a vida acontecendo
hahahha eu amei a ideia de assistir um filme quando se tem mil ideias doq fazer. Vou aderir 💅🏻